sexta-feira, 18 de abril de 2014

Tartiflette e Chamonix

    Post com dicas de viagem de Chamonix e uma receita típica da região: a Tartiflette!

Chamonix- Alpes Franceses!

Tartiflette

   Aproveitamos nosso final de semana em Paris nas férias de janeiro para ir até a Suíça. Ficamos em Genebra (depois também farei um post com dicas) e, aproveitando a proximidade com os Alpes, demos um pulinho até Chamonix, uma cidadezinha francesa que fica a mais ou menos 80 km de Genebra.


   Chamonix-Mont-Blanc fica no departamento da Haute-Savoie, na região francesa do Rhône-Alpes, aos pés do Mont Blanc (maior montanha da Europa). É uma região de grande importância pela proximidade com três países: Suíça, França e Itália, além de possuir paisagens naturais deslumbrantes.


   Saímos do aeroporto de Genebra na manhã de um sábado e depois de uma hora de van chegamos na belíssima e geladíssima cidade. O fato é, a medida que os demais passageiros iam descendo da van em locais diferentes da cidade e a porta era aberta, ia tendo cada vez mais arrepios e arrependimentos de ter ido, mas mal sabia o que estava me aguardando.

Estação de Chamonix

   Como não tinha a mínima ideia de onde deveria descer, sobrou apenas a gente na van. Pedi então para que o motorista nos deixasse no centro, onde tinha aquele murmurinho, coisinhas para comprar e chocolates quentes para nos aquecer. Era bem cedo, umas nove e meia da manhã, e o dia acabava de amanhecer por conta do inverno europeu, não havia sol, mas o céu indicava um dia claro.

Momento em que cheguei ao centro da cidade numa manhã bem fria

   Começamos a andar pelas ruas e fui me apaixonando cada vez mais por aquela paisagem! Havia neve acumulada por todos os lados, um descuido e pronto, uma derrapada! Calculo que fazia uns 2 ºC naquele momento e o jeito era tomar alguma bebida quente antes de continuar o passeio. Paramos num salão de chá que prometia cafés da manhã, tortas, doces, macarons e principalmente chocolates quentes. Uma xícara bem quentinha, uma conversa rápida e conseguimos partir mais aquecidos.

O pequeno salão de chá e a minha xícara de chocolate bem quentinho

    Chamonix fica a 1042 m de altitude e têm atrações de sobra para as quatro estações do ano, mas é claro que é no inverno que a cidade fica mais cheia, principalmente aos finais de semana, quando todo mundo vem esquiar. E já que era um sábado, a cidade estava cheia de pessoas de todas as idades e nacionalidades por todos os lados.


    O que eu queria mesmo era subir até o Mont-Blanc pelos teleféricos e poder ver ainda mais de perto e com mais detalhes a região, só que não sei esquiar e fazer isso tomaria bastante tempo das nossas poucas horas na cidade. Deixei então para subir até a Aiguille du Midi (a 3777 m, com o teleférico mais alto do mundo) e outros pontos de grande importância para a próxima vez que visitar Chamonix e tiver mais tempo.


   Percorremos a rua principal, parando nas lojinhas para ver souvenirs, comprar livros de receitas e apreciar a paisagem. Andamos até a igreja de Saint-Michel, bem pequena e simples, mas que naquele momento deu todo um charme à paisagem, já que o céu tinha limpado e o sol tinha resolvido aparecer. Entramos na capela e o altar ainda estava todo decorado com azevinhos e artigos natalinos.


   Já estava na hora do almoço quando saímos da igreja e restava apenas escolher um dos diversos pratos típicos alpinos para comer em um dos diversos restaurantes que há espalhados por todas as ruas. E isso não foi nada fácil, pois opções boas era o que não faltava. Entre elas podemos citar fondues, raclettes, tartiflettes, reblochonnades, batatas suíças, embutidos, pizzas ao estilo italiano, outros pratos franceses diversos, crepes...


   Fiquei com a Tartiflette, acompanhada de uma salada de alface ao molho de mostarda. Comi e continuei a caminhada pela cidade, agora em busca das últimas aquisições. Antes de voltarmos para Genebra, paramos rapidamente numa lojinha fofa de macarons e doces para tomar um cafezinho pós-almoço. Para acompanhar o expresso, outra iguaria da região, a Croix de Savoie (ou a "cruz da Savoia"), uma espécie de pão doce recheado com creme de confeiteiro cheio de sementinhas de baunilha e modelado no formato de uma cruz. Muito macio, leve, pouco doce e delicioso! 


     Indico investir pelo menos uma noite na cidade para conseguir aproveitá-la da melhor maneira possível, tirar fotos, comer pratos alpinos diferentes, um fondue para aquecer a noite, outro chocolate quente para acompanhar uma gaufre quentinha e uma visita aos pontos mais altos da Europa!



   Mas afinal, o que é a Tartiflette? Descobri este prato típico da região da alta Savoia enquanto ainda estava aqui no Brasil, muito antes de até mesmo saber que iria para Chamonix. É claro que fiz uma receita durante o inverno do ano passado, mas não sabia se tinha dado certo até provar uma autêntica. A primeira coisa que pensei quando decidimos visitar Chamonix foi que tinha que prová-la de qualquer jeito!


   A Tartiflette é um prato feito com batatas, cebolas, bacon, creme e reblochon, um queijo de leite de vaca também típico dessa região da França. As batatas são cozidas e depois misturadas a um refogado de cebolas e bacon com creme de leite fresco. O prato é depois colocado em recipientes, coberto com o queijo e levado ao forno até ficar bem dourado e gratinado.


   O queijo reblochon não é muito fácil de encontrar, principalmente aqui no Brasil, já que trata-se de um queijo não pasteurizado. No lugar dele, você pode usar queijo brie que fica tão bom quanto, a não ser que você more em São Paulo. Nessas minhas andanças no centro durante a semana, encontrei de repente reblochon à venda na Casa Santa Luzia. Nem acreditava! Comprei mesmo sabendo que teria de isolar o queijo com sacolinhas, blusas e colocá-lo dentro do último bolso da minha mochila (e que provavelmente eu não poderia mais usá-la depois), pois o cheiro dele é bem forte! hahaha


      Comprei diversas revistas francesas de receitas no aeroporto antes de ir para Genebra e uma delas (a Marmiton) tinha a receita da Tartiflette. Depois de prová-la em Chamonix, já fiz esta versão três vezes: uma enquanto ainda estava em Paris e tinha reblochon em mãos, uma aqui na minha casa assim que voltei da viagem (feita com o queijo Brie) e a última vez, feita com o reblochon que comprei em São Paulo.


  Lá em Chamonix tinha para comprar diversas travessas lindas de cerâmica próprias para assar a Tartiflette e até com a receita impressa dentro, mas era bem difícil de conseguir trazê-las na mala. Acabei comprando apenas esta vermelhinha das fotos, individual, uma fofura! Dá para assar o prato dentro de um refratário grande ou dentro de recipientes individuais, como esses que eu encontrei nos supermercados daqui do Brasil, bem baratinhos e diferentes.


   Como vocês podem reparar, já servi a Tartiflette só acompanhada de uma salada com molho (como prato principal) e também para acompanhar medalhões de filé mignon. Como tenho as fotos do passo a passo da receita que fiz em Paris e da que eu fiz aqui em casa, fiz uma montagem com todas as fotos.

Tartiflette:
-500 g de batatas cortadas em cubos
-150 g de bacon cortado em tiras
-1 cebola grande cortada em meia-luas (150 g)
-200 ml de creme de leite fresco
-250 g de queijo reblochon ou brie
-sal e pimenta do reino a gosto


Modo de preparo:
-Cozinhe as batatas até que fiquem macias, mas sem desmanchar. Reserve-as;
-Numa panela, frite o  bacon com um fio de azeite em sua própria gordura até ficar douradinho e crocante;
-Acrescente as cebolas e refogue até murcharem;
-Junte as batatas cozidas reservadas e misture bem;
-Acrescente o creme de leite, tempere com sal e pimenta do reino e misture tudo muito bem;
-Distribua o refogado em recipientes individuais;


-Distribua o queijo em pedaços;


-Leve ao forno pré-aquecido a 200 graus até que a superfície esteja dourada e gratinada;


   Sirva ainda bem quente, acompanhada por uma salada ou como acompanhamento de carnes.


   A versão das fotos acima foi a que fiz em casa, com o queijo Brie. Já estas fotos aqui de baixo são da versão parisiense, feita com batatas, cebolas e creme de leite franceses, além de lardons (um bacon não defumado) e de reblochon. 


   Como não tinha forno no apartamento que alugamos, tivemos que comer a Tartiflette sem a camadinha de queijo dourado e gratinado!




Um comentário:

  1. Estive em Chamonix e amei os doces de lá ..Vou tentar fazer o da receita ...Obrigado

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