Meus últimos dias em Paris se basearam mais em visitar padarias, docerias e mercados para comprar as últimas comidas que tinha planejado experimentar do que visitar os principais pontos turísticos. Depois eu fico reclamando que aquele shortinho que eu entrava no verão passado não entra mais em mim...
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Pain au Chocolat e Pain Gourmand de Comté com Bacon e Pesto da Liberté |
Um desses lugares, e que faço questão de indicar para vocês, é a Liberté, Pâtisserie par Benoît Castel. Seu endereço pincipal fica na Rue des Vinaigriers, no 10º arrondissement, mas eles abriram recentemente uma pequena unidade na nova Lafayette Gourmet (Boulevard Haussmann, 35), a unidade que visitei.
Tradition Chocolat da Liberté |
Fui lá numa manhã bem chuvosa (para variar um pouco, né) por volta do meio-dia. A minha intenção era comprar apenas um pain au chocolat. Para começar minha história, a fila já estava enorme quando cheguei no quiosque da Lafayette, tanto que ela percorria o balcão inteiro e, obrigatoriamente, você tinha que olhar para todas aquelas bombas calóricas antes de ser atendido. Estratégia de vendas dos franceses? Talvez, porque de apenas um pão de chocolate eu consegui sair com mais dois itens, sem contar aqueles que eu tive de me segurar para nao comprar, porque não ia ter tempo de comer.
Os primeiros pães que vi e que já logo decidi que seriam meu almoço foram os Pains Gourmands com recheios variados e deliciosos: tomates temperados com queijo de cabra, tomates com mozzarella e outro de bacon, pesto e comté. Fiquei com a última opção e ainda levei um pain au chocolat e um tradition chocolat. Queria levar tudo: as baguettes tradition crocantes e douradinhas, os pães au levain, as tortinhas de limão e frutas vermelhas, os sablés, financiers, croissants e até na hora de pagar tinham madeleines no caixa, que me deram vontade de comprar.
Mas tive que me conter e levar apenas minhas três gordices delícia para o almoço. O pão gourmand era realmente muito bom, tinha uma massa artesanal bem macia e recheio na medida certa; já o pão de chocolate era bem crocante, amanteigado e leve, a sobremesa perfeita para o meu almoço. E o tradition chocolat eu deixei para o café da tarde, quando chegasse da aula com frio. Levemente aquecido na frigideira e acompanhado por um chocolate quente cremoso, sua massa era super aromática, feita com cacau em pó amargo e gotas de chocolate que derretiam na boca!
Croissant da Pâtisserie des Martyrs |
Em outro dia de mais chuva, enquanto caminhava pela Rue de Rivoli em busca casinhas parisienses em miniatura, encontrei a Pâtisserie des Martyrs par Sébastien Gaudard. A indicação era experimentar os croissants e kouglofs, exatamente o que eu comprei. O croissant realmente fica entre os top 5 melhores croissants de Paris: crocante, leve e perfeito para ser besuntado com uma generosa camada de Nutella.
O kouglof eu deixei para comer depois, acompanhado por uma bebida quente e levemente aquecido na frigideira. Super macia e leve, a massa podia ser desfeita em camadas, como algodão. Tinham algumas passas ao rum no meio e uma fina cobertura de açúcar de confeiteiro. Outra pâtisserie/boulangerie que vale a pena anotar no caderninho de endereços quando você for para Paris.
Bem próximo da Sébastien Gaudard fica também a Gosselin (r. Saint Honoré, 123), padaria cuja baguette ficou entre as cinco melhores de Paris em 2010 e 2014. Comprei lá a tal da baguette premiada e chegando em casa fiz um belo sanduíche de brie com tomates-cereja, um dos meus preferidos. Realmente muito boa, miolo super úmido e cheio de alvéolos, crosta crocante e aromática.
Este dia do sanduíche de baguette era também uma quinta-feira, meu penúltimo dia de aulas de francês e também em Paris! Teria uma festinha de despedida do curso e de fim de ano na France Langue e teríamos que levar algo para comer com todos os alunos. A primeira coisa que me veio na cabeça quando vi que tinha de levar algo foi... Brigadeiro!
Considero essa como uma das experiências mais curiosas que já tive na vida: tentar encontrar ingredientes que são tão comuns aqui no Brasil num país com costumes completamente diferentes dos nossos, como os franceses. Super recomendo a todos que viajam fazer algo assim, procurar elementos de sua própria cultura numa completamente diferente e ainda apresentando aos nativos.
Terminei de almoçar e já fui para o supermercado, temendo não encontrar com facilicade os ingredientes que eu precisava. A sorte é que perto do apartamento que eu aluguei tinha pelo menos três supermercados, sendo que um deles, o Cassino, era enoorme e bem sortido.
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Leite condensado 1,76 €, chocolate Lindt 70% cacau 1,38 €, confeitos granulados 2,28 €, forminhas 1,90 € |
O primeiro e principal ingrediente foi moleza, consegui inclusive um leite condensado da Nestlé mesmo, mas lá eles não chamam de Moça. Tinha só mais um da marca Cassino e poucas latas na prateleira (e não como é aqui, que existem pelo menos umas cinco marcas e várias prateleiras lotadas de latas).
Ia comprar cacau em pó, mas achei que o brigadeiro ficaria beeeem mais interessante se feito com um Lindt 70 % cacau. Peguei o leite condesado e o Lindt e me lembrei dos confeitos granulados, a parte mais difícil, porque além de caros, eles vinham num potinho de vidro com apenas 65 g. Peguei um e segui para o último item, as forminhas. Tinha apenas um tamanho, brancas e com 60 unidades na embalagem.
Fiz o brigadeiro como de costume: 1 lata de leite condensado, 100 g ou 1 barra do chocolate Lindt 70% cacau e 10 g de manteiga (que por sinal eu me empolguei e comprei um tablete enorme por ser mais barato mas que acabou sobrando quase que inteiro no final da viagem). Levei tudo ao fogo, mexendo até ferver. Como usei um chocolate em barra e com uma alta porcentagem de cacau, chegei ao ponto mais rápido, apenas uns 5 minutos mexendo após o início de fervura ao invés de 8.
Esperei o brigadeiro esfriar, enrolei e passei nos confeitos. E é claro que eles não foram suficientes e eu tive que misturar um pouco do chocolate 70 % picado para inteirar.
Já meio atrasada, arrumei meus brigadeiros na bandeja de docinhos que tinha comprado na Maisons du Monde e parti para a aula. Todas as turmas foram misturadas, haviam os professores franceses, muitos asiáticos, mexicanos, colombianos... e alguns brasileiros. Muitos já conheciam ou tinham ouvido falar dos brigadeiros e já logo foram comendo. Outros não, e acabaram provando na hora. Uma coisa é certa, os comentários sempre são que é um doce bem forte, tanto em sabores quanto em açúcar. No final não sobrou nenhum para contar história então considero isso como sendo algo positivo!
E sobre essas duas últimas fotos, só para o post não ficar só com comidas calóricas, resolvi colocar algumas frutas para compensar! Brincadeira, só coloquei elas para deixar como dica: procurem comprar também frutas, legumes e vegetais sempre que vocês viajam, pois além de comer produtos locais, dá para ser um pouco mais saudável pelo menos numa refeição do dia.
Para quem viaja na epóca do inverno/festas de fim de ano, pode encontrar clementinas/bergamotas/tangerinas/frutas cítricas ótimas. Essa clementina aí de cima além de barata é super docinha e ainda existe uma variedade sem sementes. Só não sei diferenciá-las, já que todas são iguais. Não sei até hoje se algum dia acabei pagando a mais ou a menos nos supermercados pois quem pesa é você e como faz para saber qual tipo você pegou dentro de pelo menos umas cinco vaiedades?
Outras frutas que adoro e sempre tive vontade de provar as frescas e em abundância (porque aqui no Brasil são muito caras e nunca compro para comer puras, mas sim para cozinhar) são as berries. Foi quase no último dia que finalmente encontrei a mélange, ou uma caixinha com três variedades de frutas vermelhas: amoras, groselhas e mirtilos. A placa dizia que elas vinham dos países baixos, mas quando cheguei em casa descobri que na verdade só as groselhas vinham de lá, as amoras eram mexicanas e os mirtilos, uruguaios. Ou seja, saí daqui para comer frutos daqui na Europa, mas tudo bem o pior é que além disso ainda estavam bem sem graça.
Conclusão: só coma frutas vermelhas na Europa na época do verão, pois estarão boas, baratas e não serão americanas!
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